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Vítor Pereira explica como falta de afetividade o afeta na carreira de técnico

Gazeta Esportiva

Por Marina Bufon

São Paulo, SP
O início difícil e a ausência do pai em sua infância fazem parte do caminho percorrido pelo técnico Vítor Pereira, do Corinthians. De salva-vidas a estudante do ensino superior, o português contou como a falta de afetividade influencia em seu trabalho dentro das quatro linhas.

"Nasci de uma família humilde, que tinha dificuldades para pagar as contas. Eu tive um bom pai, mas ausente, e isso afeta a minha carreira. Aqui isso é cultural, o jogador brasileiro gosta muito, tem o lado afetivo como algo muito importante. O treinador brasileiro é afetivo, dar o braço, ouvir, abraçar. Eu tenho esse problema na minha carreira", iniciou o profissional, em um curso onde foi palestrante na noite da última segunda-feira, na zona norte de São Paulo.

"Meu pai não ficava comigo, porque trabalhava muito. Eu ficava na rua, eu cresci lutando pelo meu espaço, por isso sou tão competitivo. Sou muito pouco afetivo, não sou muito carinhoso, porque não tive essa experiência de vida, isso marca minha carreira. Eu sou aquele treinador que exige de si próprio e de quem trabalha comigo. Claro que também consigo ser um pouco afetivo, mas sou mais da exigência, da tarefa, e o primeiro problema que senti aqui: sou muito ligado ao treino, ao tático e estratégico, e por isso nunca olhei ao futebol brasileiro com esses olhos em termos de evolução para minha carreira, mas posso dizer que estava enganado", complementou.




Ao seu lado no painel "Técnicos estrangeiros no futebol do Brasil" estava o conterrâneo Luís Castro, técnico do Botafogo. Ele disse não concordar que VP não é afetivo, que "ele pode achar que não é, mas suas próprias palavras e a forma como sente (o momento) dizem o contrário". Já VP disse como isso é diferente no país de origem, em Portugal.

"Nós vivemos em um país pequeno e chegamos ao Brasil. O lado afetivo é, de fato, naturalmente, mais forte, até pela condição social - normalmente, o grande jogador, o talentoso, vem da rua, cresceu na rua, sem grandes regras, tem a tendência de evoluir muito tecnicamente, se destaca. Como Portugal conseguiu produzir tanto talento? Trazendo para o futebol essa evolução da formação do jogador: tem espaço para ser técnico e com base naquilo que faz em termos de treino. Aqui o afetivo é mais importante que lá, sobrepõe-se à tática e à técnica".

Vale lembrar, aliás, que esse lado do profissional já foi mencionado em outro momento. Em reportagem anterior, a Gazeta Esportiva apurou que alguns jogadores do elenco não gostavam da forma de se relacionar do técnico, como na exposição de alguns nomes em coletivas de imprensa. Ainda assim, o trabalho dele sempre foi muito bem-avaliado.

Já partindo para o final da palestra, em suas considerações finais, Vítor Pereira se emocionou ao falar do pai, quando fez uma retrospectiva e, como exercício solicitado no momento, disse o que falaria ao VP de 20 anos.

"Viver cada dia aproveitando ao máximo a vida, abraçando quando temos que abraçar - diria para ter abraçado muito mais o pai e hoje já não é possível, ele faleceu muito cedo, poucos abraços eu lhe dei. O orgulho muitas vezes cega, impede de ir mais longe; também pedir perdão quando se erra, o abraçar quando se tem que abraçar, dizer que se ama quando se tem que dizer que se ama. E diria o que eu acabei de fazer: tudo é possível conquistar na vida, nada nos impede de conseguirmos chegar mais longe na vida, somos determinados", finalizou.

Com o empate contra o Internacional no final de semana, o Corinthians chegou aos 43 pontos no Brasileirão, na terceira colocação. O Timão está oito pontos atrás do líder Palmeiras, que também empatou na rodada, contra o Red Bull Bragantino.

O próximo jogo será contra o São Paulo, no próximo domingo, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. A bola rola às 16 horas (de Brasília), no estádio do Morumbi.

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