"Além de estar na Espanha fazendo curso eu também já estava atuando como técnico, num clube da comunidade valenciana, chama Safor Club de Fútbol, e eu volto para o Brasil com a intenção poder ajudar o futebol brasileiro a melhorar como um todo, dentro e fora de campo. E, sem dúvida, para melhorar tem que ser de cima para baixo, mas se faz uma força enorme para que isso não aconteça. A grande verdade é que há uma união de forças para que o futebol brasileiro não venha a ser o melhor do mundo. Isso é lamentável", disse.
"De toda forma, eu venho para o Brasil com planejamento, tenho um plano de carreira e já o apresentei ao América-MG, Atlético-MG, São Paulo, Athletico-PR e também ao Palmeiras. Gostaria de poder começar o meu trabalho em cima desse plano de carreira apresentado: começo no sub-20, com um trabalho também evolutivo como auxiliar técnico do clube para que num período de três ou quatro anos, nesses dois trabalhos eu venha poder conversar com o clube e dizer que estou pronto para assumir a equipe principal ou até mesmo receber uma oferta de uma outra equipe, mas com prioridade de estar nesse clube e dar início a minha carreira nesse clube", continuou o comandante.
Euller enxerga dois nomes como ideais para a Seleção
Além disso, Euller opinou sobre quem ele enxerga ser o treinador ideal para a Seleção Brasileira, conforme a realidade atual. Apesar de ter grande apreço por Carlo Ancelotti, favorito a assumir o cargo, o ex-atleta prefere os nomes dos brasileiros Fernando Diniz, do Fluminense, e Renato Gaúcho, do Grêmio. Ele também demonstrou ser contrário à ideia de Abel Ferreira, do Palmeiras - outro que foi especulado ultimamente.
"Eu teria dois nomes para a Seleção Brasileira: Fernando Diniz e Renato Gaúcho, embora adore o Ancelotti, gosto muito dele, acho ele um treinador até meio 'brasileiríssimo', porque todo clube que está sempre leva jogadores brasileiros, apoia e conhece os jogadores brasileiros, sabe fazer o jogo para eles. Mas, na minha opinião, tomara que a CBF esqueça esse negócio de trazer um treinador estrangeiro, nada contra, pelo contrário, esse intercâmbio é ótimo, mas eu acho que com o Fernando Diniz ou Renato Gaúcho, nós estaríamos bem servidos. São duas propostas diferentes, mas que me agradam", declarou.
"Não [sobre Abel Ferreira ser o técnico da Seleção Brasileira], se for para trazer um estrangeiro, que traga o Ancelotti", completou Euller.
Confira demais trechos da participação de Euller no programa 1ª Edição:
Sobre a falta de paciência com os treinadores, tendo como último caso Vanderlei Luxemburgo, no Corinthians
"Estão queimando muito rápido o trabalho dos treinadores, isso independente se é novo ou experiente, como o Luxemburgo, que tem grandes passagens até mesmo no Corinthians e em outros clubes. Essa tem sido a diferença dentro de alguns clubes, por exemplo, o grande sucesso no Palmeiras hoje tem como um dos fatores a manutenção de um treinador, acreditar no trabalho dele, mostrar para o grupo que o treinador está ali para poder fazer o seu trabalho e que há de todos respeitarem o que ele vai colocar como ideia de jogo. Em alguns clubes isso não vêm acontecendo, estão cada vez mais enfraquecendo o comandante principal e isso tem sido ruim para alguns clubes. O Corinthians está passando por isso. Não dá mais para ficar assim de troca o técnico, problema, troca o técnico, problema e troca o técnico. Se deve fazer uma melhor escolha, ver qual o treinador que tem aquilo que o grupo precisa porque trocar treinador em meio à temporada, você traz um técnico em cima do grupo que você tem, diferentemente do início da temporada que se possa montar um grupo. Então, é acompanhar se o Luxemburgo vai conseguir encontrar o melhor caminho para que o Corinthians cresça".
Sobre o melhor treinador que trabalhou na carreira de jogador
"Sem dúvida nenhuma o Telê Santana. Ele foi, para mim, um técnico completo. Inclusive há algumas divergências no que diz respeito à parte tática do Telê. Olhando para o futuro, hoje, você vê que o Telê estava certo em se dedicar muito mais nas ações técnicas do que na parte tática, porque esta só se completa a partir de uma boa execução técnica dos movimentos e das ações dentro do futebol. Ele dedicava muito tempo a isso, e o nosso futebol é isso. Eu estava na Espanha durante cinco anos, fazendo as licenças da UEFA de treinador e eu vi, se estuda isso lá desde a primeira licença, que a parte tática está acima de tudo. Você pode finalizar ou dominar uma bola de qualquer jeito, e em dez repetições que você faz de qualquer jeito, com toda certeza, sete você vai errar. Então, não é o nosso futebol, não é isso que nós aprendemos. Por isso, o Telê Santana sempre será o melhor treinador que eu já tive".
Sobre estrutura do Palmeiras e monitoramento do sono dos atletas do clube realizado por Abel
"Conheço toda a estrutura do Palmeiras, tudo o que se faz ali dentro, todo o trabalho que se propõe. É algo realmente espantoso quanto o Palmeiras evoluiu em tudo, em todos os setores. Posso te dizer que o Athletico-PR também está nesse nível e, sem dúvida nenhuma, não devem nada a muitos clubes da Europa".
"Se tem algo mais precioso na vida de um atleta de alto rendimento, isso independente da modalidade dele, é o sono. Você tem que descansar. E hoje, mais do que nunca, diante de essa evolução toda que se tem... O Palmeiras tem hoje um programa dentro da musculação em que o relógio conta tudo o que o jogador tem que fazer, a quantidade de repetições, séries. E se não fizer já chega automaticamente para o treinador. Lá atrás, quando não tinha, você ainda dava uma enganada. Hoje, com tudo isso, mais do que nunca você precisa do descanso. É necessário, porque a sua vida não é como a de uma pessoa comum, têm coisas que você precisa sacrificar, não vai poder fazer por causa do descanso, tem realmente que descansar. É complicado, porque o extremo também é ruim, é preciso manejar para lidar bem com isso".