A Gazeta Esportiva obteve informações exclusivas e traz detalhes dessa polêmica negociação que deve ser concluída até o fim desta semana, para o bem ou para o mal.
CORINTHIANS X PALMEIRAS
O Corinthians evita ao máximo se expor por ciência da dificuldade do negócio e por receio do que uma nova frustração na torcida pode gerar de pressão em cima da diretoria de futebol depois do caso Michael, mas o clube do Parque São Jorge foi, de fato, o primeiro a abrir conversa para tentar adquirir Rony, isso antes mesmo da virada do ano. Luis Augusto Carvalho, o Luisinho Piracicaba, é o intermediário nas tratativas.
O Palmeiras chegou depois e por meio de Anderson Barros, diretor de futebol do clube alviverde, sem a mesma cautela.
A DIFERENÇA DAS PROPOSTAS
Tanto Corinthians quanto Palmeiras estão dispostos a arcar com 6 milhões de euros por 50% dos direitos de Rony. O salário do atacante também seria o mesmo nos dois clubes, praticamente o triplo do que o jogador recebe atualmente, e com validade de quatro temporadas. Nestes quesitos, as tratativas caminham idênticas.
A diferença é que o Palmeiras topa pagar 500 mil dólares de luvas, uma espécie de premiação pela assinatura do contrato, muito comum nestes casos, e também cogita envolver um jogador de seu elenco na negociação.
O Corinthians, por ora, não propôs pagamento de luvas e, sem isso, dificilmente conseguirá levar o jogador.
A situação pode mudar, mas a cautela é realmente grande pelo lado alvinegro, que sequer colocou a proposta na mesa até agora, tudo segue no campo da conversa.
A proposta do Palmeiras já é oficial.
PREFERÊNCIA DE RONY
Sobre Corinthians e Palmeiras, Rony está “neutro”. Pesa a favor do Timão a relação do jogador com o técnico Tiago Nunes e o encantamento do atacante pela Fiel Torcida. Mas, o respeito por Vanderlei Luxemburgo e a boa relação de Anderson Barros com o empresário de Rony, algo oriundo da época que o dirigente alviverde trabalhava no Botafogo, deixam a situação totalmente “sem favorito”.
REUNIÕES DECISIVAS
O futuro de Rony não deve demorar para ser decidido. A reportagem recebeu informações de que há reuniões agendadas para acontecer entre esta terça e quarta-feira entre Petraglia e representantes de Corinthians e Palmeiras, pessoalmente e em momentos distintos.
A expectativa maior entre todos é saber se o Corinthians vai dar uma cartada ou se deixará de vez o caminho aberto para os palmeirenses.
Oficialmente, os clubes paulistas não confirmaram os encontros. O Corinthians, aliás, diferente de seu arquirrival, nega até que ainda esteja na disputa por Rony. A postura, porém, contraria o discurso das outras partes envolvidas e é vista com estranheza.
ACORDO DA DISCÓRDIA
Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo e responsável pelas decisões no departamento de futebol do clube paranaense, entende que deve repassar, por força de contrato, 1 milhão de dólares ao staff de Rony, independente do valor a ser recebido em uma eventual venda do jogador.
O texto do documento, no entanto, não garante essa condição ao dirigente. O acordo firmado alerta para que no caso de Rony ser comprado por outro clube por um valor acima de R$ 2,5 milhões, quantia esta paga pelo Athletico à época da aquisição do atleta, haveria então um “equilíbrio” da compensação entre as duas partes.
Como o Athletico-PR está interessado em vender 50% dos direitos econômicos de Rony por 6 milhões de euros, exatamente a metade da multa rescisória, a situação se enquadraria na observação contratual.
E se assim for feito, no trato, Rony seguiria para seu novo time e dividiria com o Athletico-PR a metade restante de seus direitos, ou seja, cada parte ainda manteria 25%.
Portanto, é importante destacar que houve, sim, uma promessa verbal de Petraglia e Marcio Lara, vice-presidente athleticano, ao staff de Rony, mas, não foi só isso. A cláusula existe e o que se tem agora é uma discussão sobre a interpretação do que está exposto no papel, principalmente porque o texto cita “equilíbrio” e não é direto em dizer que cada parte ficaria com 50%.
MOTIVO DO ADENDO
O documento de adendo entre Athletico e Rony foi formulado em 2018 apenas porque a legislação da Fifa não permitia a inclusão de porcentagem de direitos federativos aos jogadores nos contratos, algo que atualmente é autorizado pela entidade que comanda o futebol no mundo.
Por isso, os advogados criaram este acordo para tratar de uma futura negociação. Foi uma maneira de garantir uma compensação a Rony e concretizar o negócio junto ao Furacão, que na época não se opôs.
DESESPERO ATHLETICANO
Em dezembro de 2019, o Athletico-PR recebeu as primeiras sondagens por Rony. Imediatamente, o clube procurou o empresário do jogador para conversar sobre uma renovação de vínculo, algo que não estava programado para aquele momento.
Em reunião, Petraglia ofereceu um aumento salarial de aproximadamente 30% ao atleta e nada mais, nem mesmo o pagamento de luvas.
A proposta causou estranheza pela maneira como foi apresentada, às pressas, e não agradou nenhum um pouco. Rony tem contrato com o clube rubro-negro até julho de 2021 e terminou a última temporada como um dos melhores do país em sua posição.
RONY DECIDE COMPRAR A BRIGA
Ao perceber resistência, Petraglia afastou imediatamente Rony do elenco, avisou que ele não jogaria mais até tudo ser definido, chegou a falar diretamente ao atacante que ele poderia sofrer o mesmo que Dagoberto para deixar o clube (precisou de uma longa briga nos tribunais em 2005) e, por último, o colocou para treinar com o time B.
O problema é que nenhuma destas ações surtiu efeito. Rony está alinhado com seu empresário e também com seu advogado. O trio promete não ceder, nem que isso mantenha Rony afastado até o fim de seu atual vínculo.
O Athletico está ciente da postura adotada e, por ora, tem mantido o salário de Rony em dia por receio de sofrer uma ação e perder o jogador por determinação da Justiça.
Rony pode assinar um pré-contrato com qualquer outra equipe a partir de janeiro. Nestas condições, o Furacão não receberia qualquer valor.
PROCESSO DE JAPONESES
Rony ficou meses sem jogar e sem receber salário por causa de uma briga na Justiça com seu ex-clube, o Albirex Niigata, do Japão. O caso está sendo avaliado pela Fifa, que autorizou o atacante a seguir sua carreira em outra equipe até que uma decisão seja tomada.
À época, o próprio Corinthians desistiu de contratar Rony por receio da situação, assim como tantos outros clubes brasileiros. Os japoneses pedem indenização de 10 milhões de dólares.
O que pouca gente sabe é que Rony também entrou com ação contra o Albirex Niigata. O problema é que, neste caso, a ação fica suspensa até que o primeiro processo seja definido.
Ao contrário do que acontecia em 2018, agora os clubes brasileiros não têm mais receio de uma eventual condenação recair sobre a próxima equipe a ser defendida pelo atacante.
Portanto, se Petraglia chegar a um consenso com o staff de Rony, aquele que agradar mais ao Athletico-PR vai levar um dos atacantes mais cobiçados do Brasil.