Provas masculinas da 28ª São Silvestrinha marcam com casos de inspiração e foco no futuro do atletismo
Por Caio Innocencio
São Paulo, SPA programação da São Silvestrinha começou às 6h (de Brasília), com a entrega dos kits para os competidores. As corridas individuais dos adolescentes foram as primeiras competições do dia, às 8h. Na prova dos 800 m, o vencedor foi Danilo Soares, de 17 anos, que competiu pela delegação destaque do dia, de Saquarema. Com mais de 60 pessoas no grupo que veio da cidade carioca, Danilo levantou a grande torcida a seu favor.
"Foram 10 horinhas de viagem. Cansativo, estava todo 'quebrado' lá na van, mas a gente ganhou. Chamei a torcida no final. Eu já gostava de correr, mas comecei a levar a sério há nove meses atrás, quando vi uma publicação da minha equipe e mandei mensagem para minha treinadora. Desde então estou competindo e pretendo seguir correndo profissionalmente, disputando outras provas", afirmou Danilo.
Cláudia Santos é a chefe da delegação da equipe de Saquarema e se destaca pela vivacidade que demonstra ao apoiar os jovens de sua equipe. Com histórico no atletismo, ela participou da primeira edição da São Silvestrinha, em 1994, e hoje viaja por mais de 10 horas com o desejo de dar oportunidade às novas gerações. Em 2024, 28 atletas foram inscritos na São Silvestrinha pela equipe de Saquarema.
"Quando eu pensei em fazer esse projeto, minha primeira vontade foi trazê-los para participar desse megaevento, essa corrida linda que é um incentivo muito grande para o esporte. A gente tem que incentivar, estão tentando acabar com a Lei do Esporte, mas precisam entender que o esporte é vida e educação", disse Cláudia.
Na corrida dos competidores com 15 anos, uma dupla chamou a atenção. Ulysses de Oliveira disputou a prova na cadeira de rodas, sendo ajudado pela mãe, Elaine, que passou a praticar o esporte graças ao filho. A última colocação na corrida não apagou o brilho dos dois, que foram aplaudidos de pé pelos espectadores presentes no Centro Olímpico.
"É gratificante disputar essa prova, apesar de ser bem difícil. A gente vêm de Barueri, não é fácil chegar até aqui. Mas desde os oito anos eu trago ele nas corridas e pretendo continuar. Eu não corria nem meio metro, e agora eu apoio ele nas provas", disse Elaine.
Nem mesmo a chuva, em determinado período da manhã, abalou o ânimo dos corredores. Carlos Eduardo, vencedor da categoria aos 13 anos, contou um pouco das dificuldades de disputar a prova em condições adversas de clima.
"Foi difícil, porque eu já tinha aquecido e com a pausa da chuva o corpo deu uma esfriada. Na hora de correr, senti que não estava com toda a força, foi difícil conseguir assumir o primeiro lugar".
Organizador da prova, Erick Castelhero destaca a importância da São Silvestrinha, tanto na formação de novos atletas, quanto no aprendizado que os jovens podem ter na competição.
"A São Silvestrinha nasceu com esse propósito de trabalhar com a base do esporte e de dar oportunidade para esses jovens atuarem em um espaço destinado para o atleta profissional, que disputa competições nacionais e internacionais. De uma forma bem democrática, eles têm essa experiência e, se gostarem do esporte, podem avançar. Se não avançar, pelo menos podem entender como é uma competição esportiva, disciplina, cumprir regra, respeitar o adversário. E comemorar a vitória ou entender que a derrota também se aprende".
"A gente também pensa em um outro lado. Na São Silvestre a gente sempre busca aquele lado democrático de que é competitivo, mas também é uma forma de entretenimento. Então mesmo quem não venha com o objetivo de ser um atleta, aproveita o espaço para exercitar, ter uma atividade física, e não ficar apenas na frente da telinha", concluiu.