Entrevistado pela AFP ao final da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos no domingo, no Stade de France, Jolly afirmou estar "muito feliz e muito cansado" após dois anos dedicados aos eventos.
Perguntado sobre quais momentos mais o marcaram, Thomas destacou o início da cerimônia de abertura, com as nuvens nas cores da bandeira francesa.
"A nuvem azul, branca e vermelha – a bandeira francesa – acima da ponte Austerlitz, decorada como um teatro, no início da primeira cerimônia. Também o encontro entre Aya Nakamura e a Guarda Republicana, foi a sinergia de tudo queríamos mostrar. E ainda, as muletas dos dançarinos representando remos em uma das coreografias de Alexander Ekman na abertura das Paralimpíadas", disse o diretor.
"Quando fazia cursos de teatro, quando era diretor, sentia que o teatro é um ato político, que o nosso trabalho serve para que o indivíduo possa avançar em vários temas. Aqui, com um público de 25 milhões de pessoas (só na França) após a primeira cerimônia, dar a cada uma sua visibilidade, reconhecimento e representação foi extremamente político. Há também um sentimento de união, de orgulho, de fazer parte de um grande grupo. Recebo muitas mensagens que expressam orgulho, de que algo foi feito", acrescentou Thomas Jolly.
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O diretor artístico revelou que ficou apreensivo com a chuva durante a cerimônia de abertura, mas que depois conseguiu aproveitar o espetáculo.
"Naquela sexta-feira chorei o dia todo. Obviamente havíamos previsto diferentes adaptações (da cerimônia). Depois fui tomado pela potência do espetáculo", revelou.
"As artes cênicas - principalmente a dança, o teatro, a ópera e o circo - foram homenageadas. Espero que as cerimônias tenham mostrado o poder da arte e do espetáculo ao vivo. Se mostraram aos poderes públicos o poder unificador da cultura que a França precisa, melhor ainda", disse o diretor.
Ao ser questionado sobre a campanha de cyberbullying sofrida pela cena "A Festa dos Deuses", criticada por remeter à Última Ceia de Jesus Cristo, Thomas explicou sua versão do ocorrido.
"Houve ataques muito duros de personalidades (como o ex-presidente americano e candidato republicano Donald Trump e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan) e foi algo irracional. Hoje acabou. Como podem acreditar que, em meu íntimo, eu queria debochar da religião católica sendo que outra cena era dedicada a Notre-Dame de Paris? Saber que chegaria a este ponto de ódio, ameaças e intimidação me desestabilizou no sentido de que a mensagem pretendida era de união. Eu denunciei para conscientizar as pessoas de que o cyberbullying é penalizado, a discriminação é crime", finalizou Thomas.
Por fim, o diretor falou sobre sua ansiedade e expectativas para preparar as cerimônias dos Jogos de Inverno de 2030 no Alpes Franceses.
"Agora eu diria que não (sobre estar ansioso), não sobraram ideias! (risos). Se ainda tenho vontade de fazer espetáculos desse porte? Embora possa parecer estranho, agora eu quero muito um teatro pequeno para 50 espectadores”, concluiu Thomas.