Após lesão, Ricardinho pode ampliar hegemonia brasileira no futebol de 5
Por Marcelo Baseggio*
São Paulo, SPTetracampeã mundial e tricampeã paralímpica, a Seleção Brasileira masculina de futebol de cinco, categoria para atletas com deficiência visual, segue em reta final de preparação para as Paralimpíadas do Rio de Janeiro. Para tornar o sonho em realidade, saindo da capital fluminense com mais um ouro no peito, o time verde e amarelo conta com o atual melhor jogador do mundo: Ricardinho.
No entanto, o principal nome da equipe era dúvida até meses atrás, quando ainda se recuperava de uma grave lesão. O jogador do Agafuc sofreu uma fratura de fíbula na final do Regional Sul de Futebol de 5 e teve de correr contra o tempo para que a ruptura de dois ligamentos não o impedisse de jogar em casa, com o apoio da torcida, e se consagrar de uma vez por todas como um dos principais nomes do paradesporto brasileiro.
“Quando fui para o hospital e o Doutor deu o diagnóstico, realmente me assustei. Não sabia quanto tempo levaria minha recuperação e tive muito medo de não me recuperar em tempo de jogar a Paralimpíada. Mas aí meu fisioterapeuta disse que teria tempo hábil, me explicaram que dependeria muito da minha força de vontade, e aí fiquei tranquilo porque isso não falta da minha parte”, comentou, agora mais tranquilo e já pensando nas disputas que acontecerão no Rio de Janeiro.
Os jogos do futebol de 5 acontecerão no estádio que abrigou as disputas de tênis durante as Olimpíadas. Com a chance de confirmar ainda mais a hegemonia na modalidade, o time brasileiro dispensa qualquer tipo de conduta mais confiante e segue atento a todos os adversários para evitar surpresas. A Argentina, rival histórica do Brasil dentro das quatro linhas, é uma das zebras que podem incomodar a Seleção, fato que o próprio Ricardinho reconhece com perigoso.
“Sem dúvidas temos uma equipe que é taxada como favorita pelas conquistas que tivemos ao longo dos últimos anos. Só que nós jogadores e a comissão técnica procuramos deixar isso fora das quatro linhas, sabemos do nosso potencial e sabemos que tem grandes equipes aí pelo mundo que podem chegar. A Argentina, por exemplo, está sempre brigando nas finais, nossa principal rival. Esperamos uma competição bem difícil, mas vamos estar em casa, o apoio da nossa torcida vai ser bom. Sem dúvida vai ser uma experiência especial’, afirmou o atleta, reconhecendo a importância de permanecer já quase nove anos sem perder nenhuma competição com a Seleção Brasileira.
Longe dos holofotes, o melhor jogador do mundo evita modéstias quando o assunto é bola no pé. Apesar de admitir ser privilegiado com o dom de jogar futebol, apontou condutas extracampo como mais importantes do que qualquer badalação por conta de suas habilidades. Ele também lembrou as dores de cabeça dadas aos pais por causa de sua paixão pelo futebol.
“Acho que todos nós temos um dom, só precisamos descobrir e desenvolver. Meu dom é jogar futebol e procurei treinar muito. Só quem me conhece sabe o quanto eu treinei, quanto dei trabalho dentro de casa, às vezes na rua ficava chovendo e ficava dentro de casa. Quantas vezes quebrei coisas dentro de casa... Não posso ser hipócrita de falar que não tenho esse dom, eu tenho, mas credito tudo isso a Deus. Não me considero melhor do que ninguém, apenas sei fazer uma coisa muito bem, que é jogar futebol. Como pessoa acho que tenho que ter valores como humildade, respeito e amizade”, pontuou.
O torneio de futebol de 5 começa no próximo dia 5 de setembro. A tendência é que a Seleção Brasileira esteja na disputa por uma medalha no dia 17 do mesmo mês, no Centro Olímpico de Tênis, que sofrerá adaptações para se transformar em um verdadeiro estádio de futebol.
*Especial para a Gazeta Esportiva