Uma decisão que demorou mais de três anos e foi tomada nesta terça-feira fez o Palmeiras escapar de viver uma “situação desastrosa” durante os próximos 30 anos. Em sentença homologada na Câmara de Arbitragem e Conciliação da Fundação Getúlio Vargas, o Alviverde venceu disputa judicial contra a WTorre pelo direito de comercialização das cadeiras do Palestra Itália.
A resolução definiu que a empresa parceira do Palmeiras e que administra o estádio tem direito a vender 10 mil assentos do Palestra Itália, ao contrário dos 44 mil lugares que pleiteava. Em entrevista coletiva na Academia de Futebol, o presidente Paulo Nobre e o diretor jurídico Guilherme Pereira comemoraram a vitória alviverde e deixaram claro a enorme importância da decisão.
“Pode parecer uma coisa simples, que não foi uma grande vitória, mas caso a interpretação (da Câmara de Arbitragem) não fosse a do Palmeiras, fosse a da parceira (WTorre), seria um desastre na vida da Sociedade Esportiva Palmeiras. As próximas três décadas do clube estariam comprometidas financeiramente. Quero deixar muito claro que não é a disputa de um jogo entre Palmeiras e WTorre. Era uma discussão do futuro dos próximos 30 anos do clube. Com a decisão de hoje, o Palmeiras vê salvaguardados seus direitos. Vê seus planos futuros podendo seguir em frente. E tudo que plantamos nos últimos quatro anos não tendo a possibilidade de sucumbir”, disse o presidente Paulo Nobre.
Dentre os mais de 20 pontos abordados na arbitragem, incluindo a adaptação do Palestra Itália ao padrão Fifa, e a reforma bancada pelo clube do prédio administrativo – que o Palmeiras entende que deveria ser paga pela WTorre – a principal foi o direito de comercialização das cadeiras do estádio. Se fosse derrotado, o Verdão veria seu plano de sócio-torcedor – o segundo maior do país com 126 mil adeptos – ser enfraquecido, além de ter as rendas de bilheteria do estádio – o mais rentável do Brasil – diminuída, já que os futuros donos das cadeiras teriam direito de usá-la durante todo o ano mediante o pagamento do ingresso mais barato disponível para o jogo.
“O Palmeiras levou ao Tribunal um calhamaço de documentos do que foi combinado em 2007 e 2008, que foi assinado em 2010 de uma maneira não tão clara, o que suscitou à parceria uma maneira diferente do que havia sido combinado. O incontroverso era o número de cadeiras que a parceria poderia comercializar nos dias de jogos do time de futebol profissional. O Palmeiras entendia que por tudo que havia sido combinado, com o clube tendo direito a 30 mil lugares, e a parceira a 10 mil. Eram mais de 20 pontos de divergência, mas esse era o principal. O Tribunal confirmou aquilo que foi exaustivamente combinado, discutido em 2007 e 2008”, completou o presidente.
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Em seus últimos meses do segundo mandato, apesar de exaltar a conquista palmeirense e da ótima campanha no Campeonato Brasileiro, Paulo Nobre recusou qualquer rótulo de herói no clube. Além disso, o presidente admitiu que o contrato redigido em 2008 poderia ter sido mais claro, evitando assim o imbróglio jurídico.
"A partir do momento em que fui eleito, tinha de tratar da melhor maneira possível. Eu sempre coloquei o Palmeiras em primeiro lugar na minha vida. Todas as situações eu tentei defender o Palmeiras com unhas e dentes, fazendo prevalecer seus direitos. Avaliar agora se (o contrato) foi mal redigido ou não, não é o caso. Poderia ser mais claro para não suscitar interpretações. Uma vez que surgiram, o Tribunal Arbitral já era previsto. Fico orgulhoso daqueles que defenderam o Palmeiras com unhas e dentes, dedicando seu tempo pessoal e de lazer", finalizou.
* Especial para a Gazeta Esportiva