Ex-companheiro de Cuca, Tonhão disputou a partida mais importante de sua carreira no dia 12 de junho de 1993. Vinte e três anos depois do histórico título paulista, o antigo zagueiro palmeirense acredita em uma nova vitória sobre o Corinthians na tarde deste domingo.
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Coincidentemente, o primeiro Derby do Campeonato Brasileiro 2016 foi marcado para o Dia dos Namorados, data em que Tonhão e seus companheiros encerraram sobre o Corinthians um jejum de 16 temporadas sem títulos. Aos 47 anos, o ex-zagueiro espera que o fato sirva como inspiração para o Palmeiras de Cuca.
“É uma data que tem tudo para dar certo. A torcida vai estar empolgada pela lembrança do título que encerrou a fila e iniciou um período glorioso. Espero que alguém passe essa informação aos atletas e que eles abracem. Vinte e três anos depois, o grupo atual também pode entrar na história ganhando do Corinthians na arena”, afirmou.
Na temporada que antecedeu o final do longo jejum, Tonhão e Cuca foram companheiros no Palmeiras e participaram da campanha que terminou com o vice-campeonato paulista diante do São Paulo. Com o ex-parceiro hoje no comando do time alviverde, o antigo defensor tem um conselho.
“A equipe vem jogando bem e melhorando, mas o Cuca, em conjunto com a comissão e os dirigentes, precisa enxugar o elenco. Não tem como trabalhar com tantos jogadores. Diminuindo o grupo, a qualidade do trabalho aumenta. Ainda tem muita coisa para acertar, mas ele já vem conseguindo implantar seu esquema”, observou Tonhão.
Apesar do elenco numeroso, Cuca terá dificuldades para armar o miolo de zaga contra o Corinthians. Com Vitor Hugo suspenso pelo terceiro cartão amarelo, o técnico pode escalar como titular no Derby o veterano Edu Dracena, sem ritmo de jogo.
“O Vitor Hugo é muito bom, especialmente na bola aérea, tanto na defesa quanto no ataque. A equipe tem que abraçar o substituto para que ele possa fazer uma boa partida contra o Corinthians. Mas é uma perda muito grande e que pode ser sentida, sim”, disse o ex-defensor.
Em 1993, Tonhão formou a zaga titular ao lado de Antônio Carlos na vitória por 4 a 0 sobre o Corinthians. Então com 24 anos de idade, ele foi um dos protagonistas da decisão ao lançar Edmundo no lance que culminou com a expulsão do goleiro Ronaldo e de si próprio.
“O Ronaldo inventou uma cabeçada e o juiz, até para compensar, me expulsou. Como o Palmeiras ganhou, apagou a frustração por não ter ficado até o final. Foi a melhor partida da minha vida. Naquele time, minha função era roubar a bola e tocar para quem estivesse mais perto. Graças a Deus, fiz bem feito e a torcida reconhece até hoje”, disse o ex-atleta, professor em uma escola de futebol da Grande São Paulo.
Em 2013, ano em que a histórica conquista completou o 20º aniversário, Tonhão tatuou no braço esquerdo o número “1993” e a inscrição “defesa que ninguém passa” em alusão ao hino do Palmeiras. Querido pela torcida por sua raça na disputa de cada bola, ele espera ver os sucessores honrarem a camisa neste domingo.
“Vamos jogar na arena e com a torcida apoiando, então os caras não podem correr mais do que a gente. Não pode faltar vontade. Temos um adversário difícil e bem treinado, mas se o Palmeiras igualar na vontade, vai sobressair técnica e taticamente”, apostou, como se ainda fizesse parte do time.
Acompanhado por Evair, Edmundo e César Sampaio, o antigo zagueiro entrará em campo durante o intervalo do Derby para ser homenageado pelo Palmeiras e poderá ouvir os gritos de “Tonhããão, Tonhããão, Tonhão, Tonhão, Tonhão”. Ansioso pelo evento no Palestra Itália, ele alerta que o clima favorável não garante muita coisa no clássico.
“A sorte anda junto com a competência e a doação dentro de campo. Nada vem de graça. Para ganhar um jogo no domingo, é necessário trabalhar bem ao longo da semana, fazer o que o técnico pede e ainda dar aquele algo mais de cada jogador”, afirmou Tonhão.