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Consagrado nas pistas, Hamilton trabalha por representatividade dentro e fora delas

Gazeta Esportiva

Por Marcelo Baseggio

São Paulo, SP
Heptacampeão mundial, Lewis Hamilton já eternizou seu nome na história do automobilismo. Consagrado nas pistas, o britânico agora divide suas atenções com uma questão maior: impulsionar grupos minoritários e vulneráveis a terem educação de qualidade e projeção para o mercado de trabalho, atuando em áreas onde não há qualquer tipo de representatividade.

Através de sua fundação, a Mission 44, Hamilton abre portas para muitos jovens do Reino Unido, com parcerias e colaborações. Neste ano, o piloto doou 20 milhões de libras, à época cerca de R$ 140 milhões, para dar musculatura financeira ao projeto.

Hamilton sabe bem os impactos da falta de representatividade. Primeiro piloto negro a correr na Fórmula 1, ele quebrou barreiras, se colocando na primeira prateleira do esporte, e agora busca pavimentar o caminho para que outros jovens possam realizar seus sonhos.

“Estamos apenas no início desse trabalho, começamos trabalhando com educação, fizemos o Comitê Hamilton, focado em entender as barreiras dos jovens negros para entrar em certos mercados. Há questões sistêmicas não só no Reino Unido, mas no mundo todo”, disse Hamilton.




A primeira ação da Mission 44 foi relacionada à educação. Dados do Reino Unido indicam que apenas 2% dos professores do País são de famílias negras. Além disso, 46% das escolas britânicas não contam com diversidade racial em seu quadro de profissionais.

“Acho que o objetivo da nossa organização é analisar esses problemas sistêmicos e como podemos encorajar as pessoas. Qualquer jovem do planeta merece ter uma boa educação. A representatividade é uma questão muito importante. O primeiro passo que demos é lançar um programa que se chama ‘Teach First’, para que haja mais professores negros nas escolas”, explicou.

Pela importância dada à diversidade, a paixão pelo mundo da moda floresceu em Lewis Hamilton. O britânico já assina há alguns anos uma coleção com a grife Tommy Hilfiger e é figurinha carimbada em desfiles de outras renomadas marcas da alta costura.

“Me lembro de ir a um evento de moda e foi a primeira vez que vi uma diversidade grande. Senti que aquele era meu lugar, que pertencia a esse lugar. É complicado na Fórmula 1, porque sou a única pessoa negra. Gosto da diversidade da moda, gosto de trabalhar com o Tommy [Hilfiger], que é um ícone. É diferente das corridas, precisamos pensar em tecelagem, criar roupas sustentáveis. Estou aprendendo com um dos melhores. É como se fosse um aprendiz”, disse.

Neste ano, na MET Gala, uma gala para angariação de fundos em benefício do Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, Lewis Hamilton comprou uma mesa inteira e convidou alguns estilistas negros para comparecer ao evento, dando visibilidade a talentos desfavorecidos.

“A MET Gala foi importante, fui convidado algumas vezes, desta vez tive o privilégio de participar e estávamos tratando da história americana. Queria dar um lugar a pessoas que nunca tiveram oportunidade de ir a um evento como esse. Me sinto orgulhoso de ter feito parte disso”, concluiu o piloto.

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