Recentemente, Bia Haddad fez história. Após conquistar o simples do WTA 250 de Nottingham e de Birmingham, a tenista se tornou a primeira brasileira da história a alcançar a 28ª colocação no raking do WTA. Além disso, em 2021, Luisa Stefani e Laura Pigossi conquistaram a medalha de bronze nas Olimpíadas de Tóquio.
"Eu acho que tudo isso é algo muito positivo para a gente ver cada vez mais meninas acreditando e olhando para a gente, se inspirando. Acho que esse é o ponto principal, quando uma começa a puxar a outra, fazer a outra acreditar também", avaliou Beatiz Haddad.
"Particularmente, a gente que vive mais tempo fora do Brasil e fica praticamente o ano todo no circuito - talvez nove meses do ano a gente não passa aqui -, a gente acaba lidando como algo normal do nosso dia a dia. Acho que todos esses recordes e todas essas conquistas bacanas que eu estou tendo, por ser brasileira, eles são especiais. Eu fico muito, muito feliz mesmo por ser uma brasileira mulher podendo representar tudo isso", completou a tenista, que voltou a ressaltar a influência que uma jogadora pode ter para outra.
"Com certeza o fato de ver elas (Stefani e Pigossi) conseguirem conquistar o que elas conquistaram me deu confiança, também, para ir trabalhando duro. Coincidentemente, as duas nasceram na mesma cidade que eu, a gente é praticamente da mesma geração, então isso só me faz, cada vez mais, ter convicção de que realmente a gente pode, a gente sabe que é muito duro", concluiu.
No entanto, Beatriz Haddad fez uma ressalva sobre o Brasil. Segundo ela, a cultura esportiva em outros países é mais forte, mudando o jeito de lidar com certas conquistas.
"Quando eu olho para o lado e olho as meninas que eu enfrento e olho a realidade do circuito, para todo mundo é algo natural. Para uma francesa ganhar um WTA, para um americano ganhar um WTA, para um australiano ganhar um torneio... quando o país tem uma cultura de esporte, especialmente no tênis, eles lidam com isso de uma maneira natural", comentou.
Inspiração para as mais novas
Um ponto importante do sucesso recente das brasileiras no tênis é a capacidade de trazer mais visibilidade e novas atletas para a modalidade. Para Beatiz, o papel é importante e é uma de suas responsabilidades com a próxima geração de tenistas.
"Uma das coisas que me inspira não é só chegar. Acho que cada pessoas que chega a ter sucesso, até certo ponto, independente da profissão, acaba criando responsabilidades, tanto na forma de ela ser, na forma de ela agir, na forma de ela se expor publicamente. Então eu sei, também, da minha responsabilidade, eu sei do quanto as meninas me buscam. Eu sou uma pessoa comunicativa, sou bem aberta com elas. Elas sabem que da mesma forma que eu estou ali na quadra com a Halep jogando, com a Krejcikova jogando, eu divido um apartamento e racho quando a gente puder, igual nessa última semana eu estava com a Aninha, inclusive, em Wimbledon", disse.
"Eu acho que quanto mais a gente deixa o ambiente natural, quanto mais elas veem que as grandes jogadoras habitam o mesmo lugar, elas comem as mesmas coisas, elas vão no banheiro das mesma forma, elas sentem o frio na barriga igual você, elas começam a se olhar no espelho e falar: 'Poxa, eu treino com ela e eu consigo isso, porque não tentar?'. Eu acho que isso vai fazendo aquilo não ser uma coisa tão distante. Eu acho que o principal é a gente conseguir ter essa conexão. Infelizmente, eu passo pouquíssimas semanas no Brasil. É algo que eu não paro em casa. Se tivessem alguns torneios, alguma coisa mais perto facilitaria. Mas, realmente, a gente passa muito tempo longe e eu não consigo ter essa proximidade com todo mundo, mas com elas, que são pessoas muito bacanas, eu tenho esse privilégio de poder compartilhar um pouco, também, da minha experiência, do que eu passei quando tinha a idade delas e eu acho isso muito importante", contou a brasileira sobre sua relação com as tenistas mais novas.