Ana Cláudia é só advertida por doping; procuradoria promete recorrer
Por André Sender
São Paulo, SPPrincipal velocista do Brasil, Ana Cláudia Lemos foi apenas advertida por ter testado positivo para oxandrolona em exame antidoping. A decisão em primeira instância saiu no início da madrugada deste sábado, após sete horas de julgamento na sede da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), na Zona Sul de São Paulo. A procuradoria promete recorrer da decisão ao pleno do STJD da modalidade.
Ana Cláudia, recordista sul-americana dos 200m rasos e brasileira dos 100m, é considerada peça fundamental nas pretensões da equipe nacional em brigar por uma medalha no revezamento 4x100m nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. No Mundial de 2013, o time brasileiro era dono da segunda posição até derrubar o bastão na última passagem.
A defesa alegou que a substância proibida, um esteroide anabolizante, foi ingerida acidentalmente pela atleta por causa da contaminação cruzada de um medicamento produzido em farmácia de manipulação. No julgamento, iniciado ainda no fim da tarde de sexta-feira, os cinco auditores consideraram Ana Cláudia culpada por doping. A brasileira, por enquanto livre para voltar a competir, deixou a sede da CBAt sem se manifestar.
Três dos auditores, no entanto, votaram apenas pela advertência à velocista. Os outros dois pediram a suspensão da atleta. Ana Cláudia foi flagrada com oxandrolona em seu organismo em exame realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), em 3 de fevereiro. Ela foi comunicada do resultado em 8 de março e pediu a análise da contraprova de sua urina já no dia seguinte. A amostra “B” também acusou a presença da substância proibida.
"Conseguimos muitas provas da inocência dela, foi um conjunto de documentos muito robusto. E isso convenceu o tribunal de que ela não agiu por nenhuma culpa nem negligência e permitiu que ela sofresse uma pena de advertência", disse o advogado de defesa de Ana Cláudia Lemos, Marcelo Franklin. Foi ele também que defendeu Cesar Cielo em caso de doping de 2011, alegando também contaminação cruzada em um suplemento manipulado.
A velocista brasileira estava suspensa preventivamente desde o início de março, quando foi comunicada do resultado do exame, e por isso não participou do Campeonato Mundial indoor, realizado na cidade norte-americana de Portland.
A decisão deste sábado não agradou à procuradoria do órgão, que promete recorrer ao pleno do STJD da CBAt. Cabe também recurso ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), instância jurídica máxima do esporte mundial e com sede na Suíça.
"A procuradoria entende que a advertência foi branda, mas como de praxe quando a pena é baixa, a gente vai recorrer para que a decisão seja do pleno" , disse o procurador do STJD da modalidade, Caio Medauar.