Giuseppe Meazza, o galã italiano vencedor de duas Copas
É impossível contar a história do futebol italiano sem citar o nome do meio-campista Giuseppe Meazza. Precoce, começou sua carreira na Inter de Milão – na época, a equipe ainda se chamava Ambrosina – aos 17 anos. Abusado, ficou famoso por dormir em bordéis nas noites após as partidas. Amante de carros e mulheres, jogava sempre com os cabelos penteados e engomados, sendo uma espécie de superstar da época. Mas assim como dançava com as damas antes ou depois dos jogos, chamava também para bailar os defensores adversários, tendo no drible um de seus principais pontos fortes. Até hoje, na Itália, diversos narradores se referem a um gol bonito como “gol alla Meazza”.
“Il Peppino”, apelido que ganhou de um colega de time devido a sua pouca idade quando estreou no profissional, foi o astro de uma seleção italiana vencedora, que conquistou duas Copas do Mundo (em 1934, na Itália, e em 1938, na França), mas que ficou eternamente marcada por sua íntima ligação com o fascismo de Benito Mussolini, este que teria assistido a todos os jogos em 1934, e usado ambas as conquistas mundiais como propaganda de seu regime.
Com a camisa azul da Itália, Meazza disputou um total de 53 partidas, a primeira em 1930, em que despontou já com o pé direito, marcando dois gols na vitória por 4 a 2 sobre a Suíça, e a última em 1939, em Helsinki, também triunfando, desta vez por 3 a 2 contra a Finlândia. Em Copas do Mundo, nove jogos e três gols. Um deles, em 1938, contra o Brasil. De quebra, como capitão da equipe na França, ergueu a taça Jules Rimet na ocasião. Tal desempenho com a Azzurra rendeu a “Peppino” a seguinte descrição, feita por Vittorio Pozzo, técnico italiano no bicampeonato mundial: “Tê-lo em sua equipe é como começar todos os jogos já com 1 a 0”.
Porém, quase que um dos maiores jogadores da história da Itália sequer entra para o esporte. Durante a infância do jogador, sua mãe, Ersilia, escondia seus sapatos para que este não praticasse o futebol, o que considerava uma “perda de tempo”. No entanto, o pequeno Giuseppe não se importava, e mesmo descalço seguia jogando bola, até sua progenitora finalmente ceder, comprar chuteiras e inscrever o filho de então 12 anos no Gloria FC.
Comparação com Pelé
Ídolo absoluto em seu país, chegou a ser comparado com o rei Pelé em 1958, durante a Copa da Suécia, quando o cineasta Franco Rossi declarou:
“Pelé é bom, mas não chega aos pés de Meazza”
Até hoje os italianos creditam a ele a invenção da cobrança de falta em “folha-seca” (por lá chamada de foglia morta), imortalizada pelo também meio-campista e também bicampeão mundial, Didi.
Além da seleção, Meazza jogou por 14 temporadas na Inter, conquistado três scudettos. Ele ainda passou pelos outros dois grandes clubes da Itália: o Milan (entre 1940 e 1942) e a Juventus (na temporada 1942/1943), além do Atalanta, onde atuou como jogador-treinador, antes de voltar, em 1947, para encerrar sua carreira na equipe que o projetou para o esporte.
Após pendurar as chuteiras, comandou a Inter em três oportunidades (entre 1947 e 1948, 1955 e 1956 e em 1957) e a seleção de seu país entre 1952 e 1953. Meazza também foi um dos primeiros italianos a treinar uma equipe estrangeira, o Besiktas, da Turquia.
* Narração: Marcos Antomil. Edição de áudio: Bruna Matos