O Imperador relembrou a emoção da conquista da Copa América de 2004 sobre a Argentina, quando o Brasil se sagrou campeão na disputa de pênaltis, após empatar o jogo aos 48 do segundo tempo.
“Bola alta na área. Confusão. Corpos. Cotovelos. Eu não conseguia ver nada! Se você assistir ao vídeo, eu coloco meu cotovelo pra cima para acertar em alguém. De repente, a bola sobra no meu pé. Um presente do céu. Ali empatamos o jogo, mas sabíamos que tínhamos quebrado os caras. Nós sabíamos o que aconteceria nos pênaltis”, disse.
“Vencer a Argentina assim, pelo meu país, com minha família assistindo… Provavelmente foi o dia mais feliz da minha vida”, acrescentou.
Contudo, poucos dias depois do triunfo na América, viria a morte de seu pai, fato que abalou muito o atleta.
“Eu estava de volta à Europa com a Inter. Recebi uma ligação de casa. Eles me disseram que meu pai havia morrido. Ataque cardíaco. Eu realmente não queria falar sobre isso, mas vou te dizer que, depois daquele dia, meu amor pelo futebol nunca mais foi o mesmo. Ele amava futebol, então eu amava futebol. Simples assim. Fiquei tão deprimido, cara. Comecei a beber muito. Eu realmente não queria treinar. Não teve nada a ver com a Inter. Eu só queria ir pra casa”, comentou.
Desestabilizado com a perda de seu pai, somado a problemas com bebidas alcoólicas, Adriano perdeu rendimento físico, e começou a ter intrigas com o então técnico da Internazionale, José Mourinho.
"A imprensa me seguindo por toda parte, e tudo com o Mourinho era: “F….., pá! P... que pariu, c…...! Você vai me f…., não é, garoto?”, ressaltou Adriano.
"Eu dizia: “O que foi, cara?”. Não aguentava mais. Não conseguia mais jogar com aquela paixão. Daí fui convocado para a Seleção Brasileira e, antes de sair, o Mourinho falou: “Você não volta mais”, concluiu.
Em 2009, após breve passagem pelo São Paulo, e realizar uma última temporada com a camisa da Inter de Milão, o Imperador foi para o Flamengo e conquistou o Brasileirão daquele ano.
“Nunca fui completamente o mesmo depois que meu pai faleceu, mas naquela temporada eu realmente me senti em casa. Senti alegria novamente. Eu voltei a ser o Adriano”, falou.
Por fim, em abril de 2011, Adriano relembrou lesão no tendão quando jogava pelo Corinthians.
“Nem todas as lesões são físicas, entende? Quando rompi o tendão de Aquiles em 2011? Cara, eu sabia que ali estava tudo acabado pra mim, fisicamente. Foi a mesma coisa quando meu pai morreu. Mas a cicatriz estava dentro de mim. “Cara, o que aconteceu com o Adriano?” É muito simples. Tenho um buraco no tornozelo e outro na alma”, encerrou.
Poucos meses depois, o Timão se sagrou campeão brasileiro, com importante participação de Imperador na reta final do campeonato.