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Imagem ilustrativa para a matéria

"Capita" desde criança, Carlos Alberto apanhou do pai por futebol

Gazeta Esportiva

Por Redação

Ainda criança, Carlos Alberto Torres levou uma verdadeira surra do pai. E apenas respondeu: "Não adianta o senhor me bater. Eu quero ser jogador de futebol". Foi a decisão mais correta que ele, falecido nesta terça-feira após um infarto fulminante, poderia ter tomado na vida. A determinação e a coragem demonstradas desde cedo certamente foram decisivas para que, anos depois, ao levantar a taça do tricampeonato mundial, em 1970, ele se tornasse conhecido e reverenciado pelo mundo inteiro como o "Capita".

Com temperamento explosivo e personalidade forte, o "Capita" fez muitos amigos e também inimigos no meio do futebol. Dentro de campo, porém, sua habilidade fora do comum despertou admiração em todos que o viram jogar. O Brasil e o mundo nunca conheceram outro lateral direito que chegasse à sua altura.

O início


Nascido no Rio de Janeiro, os primeiros passos de Torres no futebol aconteceram no Fluminense. Em 1964, fez sua primeira partida oficial entre os profissionais do Tricolor Carioca e ainda conquistou seu primeiro título: o de campeão estadual. Com rara técnica e habilidade invejável, foi logo chamando atenção e, no mesmo ano, estreou na seleção brasileira principal, antes mesmo de completar 20 anos. Já em 1965, Carlos Alberto se transferiu para o clube que mais defendeu durante toda sua carreira: o Santos.


Foto: Fabio Menotti/Divulgação

Raio-X: Carlos Alberto Torres


Nome: Carlos Alberto Torres
Nascimento: 17 de julho de 1944, no Rio de Janeiro (RJ)
Falecimento: 25 de outubro de 2015
Posição: Lateral-direito
Clubes em que jogou: Fluminense (1962 a 1965 e 1976), Santos (1965 a 1970, 1972 a 1975), Botafogo-RJ (1971), Flamengo (1971), New York Cosmos-EUA (1977 a 1980 e 1982) e Newport Beach-EUA (1981)
Principais títulos como jogador: Copa do Mundo (1970), Jogos Pan-Americanos (1963), Campeonato Carioca (1964 e 1976), Campeonato Paulista (1965, 1967/68/69 e 1973) e Liga Norte-Americana (1978, 1980 e 1982)
Jogos oficiais pela Seleção: 73
Gols: 9
Clubes que treinou: Flamengo (1983), Fluminense (1984-1985), Corinthians (1985), Náutico (1986-1988), Miami Freedom-EUA (1988), Corinthians (1988), Once Caldas-COL (1989-1990), Monterrey-MEX (1991-1992), Tijuana-MEX (1992), Botafogo (1993), Fluminense (1994), Botafogo (1997), Atlético-MG (1998), Querétaro-MEX (1998-1999), Unión Magdalena-COL (2000-2001), Seleção do Omã (2000-2001), Flamengo (2001-2002), Botafogo (2002), Paysandu (2004), Seleção do Azerbaijão (2004-2005) e Paysandu (2005)
Títulos como treinador: Campeonato Brasileiro (1983), Campeonato Carioca (1984) e Copa Conmebol (1993)


Ao chegar à Vila Belmiro, Torres encontrou um verdadeiro timaço, comandado por ninguém menos que Pelé. Nesta época, o Peixe já havia sido bicampeão mundial interclubes. No entanto, não demorou muito para o jovem lateral-direito habilidoso encantar a todos e ganhar a confiança das feras.

Apesar da juventude, Torres já mostrava a personalidade forte que o caracteriza até hoje, e logo conquistou um posto invejável: tornou-se o capitão do poderoso Santos. No primeiro ano na Vila, o Capita já começou a colecionar títulos, sendo campeão paulista e brasileiro.

A decepção


Em 1966, Carlos Alberto já era considerado um craque e foi uma surpresa geral quando seu nome ficou fora da lista de convocados para a Copa do Mundo daquele ano, na Inglaterra. "Eu achava que estava garantido. Quando alguém me disse que não anunciaram meu nome, pensei até que fosse um engano", recorda-se. Naquela Copa, a seleção não foi muito longe. Em compensação, a glória aguardava Torres, quatro anos depois, no México.
Imortal

Em 1970, Carlos Alberto já era uma unanimidade nacional e, sem dúvida alguma, o melhor lateral-direito do mundo. Com a braçadeira de capitão, ele liderou a melhor seleção brasileira da história das Copas do Mundo ao tricampeonato.

Pelo menos duas imagens do Capita nesta competição se tornaram eternas. A primeira é a do quarto e último gol brasileiro na goleada sobre a Itália, na decisão do título. A jogada, que teve a participação de meio-time, é exibida até hoje quando se fala em Copas do Mundo.

Pode-se dizer que todo brasileiro já viu o lance em que Pelé, sem olhar, rola a bola para Torres estufar as redes italianas. A outra imagem é tão marcante e conhecida quanto a primeira: o Capita erguendo a Taça Jules Rimet, recebida após a conquista do Tri.

Foi um momento de coroação, não só para ele, como para outros craques daquela geração como Tostão, Gérson, Rivelino, Jairzinho e o já consagrado rei Pelé.

Ao conquistar o Mundial, Torres imortalizou seu nome no cenário mundial. Prova disso é que, em 2000, a Fifa elegeu a seleção do século 20, e o Capita foi reconhecido como o melhor lateral-direito da história do futebol. Outros três brasileiros foram eleitos: Nilton Santos, Garrincha e Pelé.

Idas e vindas


Após a Copa, Carlos Alberto deixou o Santos e retornou ao Rio de Janeiro. Em 1971, vestiu a braçadeira de capitão do Botafogo, saindo depois para o Flamengo. Um ano depois, estava de volta à Vila Belmiro. Em 73, Torres conquistou seu quinto título paulista. O Capita permaneceu no clube até 76, quando voltou mais uma vez para o futebol carioca. Após 445 jogos e 40 gols marcados, o craque não mais defenderia o Peixe.

O destino de Carlos Alberto era o Fluminense, clube que o revelou para o futebol e, à distância, contemplou suas grandes conquistas. O craque permaneceu um ano nas Laranjeiras, quando conquistou seu segundo título carioca. Por uma ironia do destino, o Tricolor foi o primeiro e o último clube que o Capita defendeu no Brasil.


New York, New York


Em 1977, Torres aceitou um novo desafio e foi jogar nos Estados Unidos. Ao lado de Pelé, ex-companheiro de Santos e seleção brasileira, Torres fez história na ‘Terra do Tio Sam’, ao levar o Cosmos, de Nova York, a três títulos de campeão nacional.

O Capitão e o Rei do futebol levaram os americanos à loucura, e deixaram o país a seus pés. Depois de uma rápida passagem pelo Newport Beach, em 1981, Torres voltou ao Cosmos para, em 82, pendurar definitivamente as chuteiras. A partir daí, as jogadas maravilhosas do Capita deixaram de vez os gramados para ficar na memória dos amantes do futebol-arte.



De capitão a técnico, vereador e comentarista


Logo após abandonar as quatro linhas, Carlos Alberto passou a ser técnico de futebol. Porém, a exemplo de outros craques brasileiros, sua carreira de treinador não tem sido tão brilhante como fora a de jogador. Seu melhor momento foi em 1983, quando conquistou o título de campeão brasileiro com o Flamengo. No ano seguinte, levou o Campeonato Carioca pelo rival Fluminense.

Carlos Alberto teve algumas passagens por grandes clubes como Botafogo e Corinthians, além de seleçõe sde pequena expressão, como Omã e Azerbaijão. O fim da carreira do Capita como treinador foi em 2005, quando acabou sendo rebaixado na Série A do Campeonato Brasileiro à frente do Paysandu. Anos depois, o Capita passou a figurar como comentarista do canal SporTV.

Carlos Alberto Torres também teve carreira na política. Filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), ele foi vereador no Rio de Janeiro de 1989 a 1993. Em 2008, foi candidato a vice-prefeito da Cidade Maravilhosa na chapa de Paulo Ramos, que acabou ficando na oitava posição com apenas 1,8% dos votos válidos.


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