Edoardo Ghirotto
São Paulo
11/28/2016 08:32:01
 

O técnico Cuca tem muitos méritos na conquista do título brasileiro. Entre as principais sacadas do treinador está a parceria firmada entre os meias Tchê Tchê e Moisés. Os atletas se entrosaram com uma velocidade surpreendente e formaram a sustentação do esquema tático que manteve o Verdão por 29 rodadas na liderança do campeonato.

Moisés foi apresentado no Palmeiras em janeiro deste ano. No mês seguinte, na derrota por 2 a 1 para o Linense, o meia sofreu uma fratura no pé esquerdo e passou quatro meses fora de campo. Ele só voltou a defender o Verdão na goleada por 4 a 0 contra o Atlético-PR, pela primeira rodada do Brasileirão. O atleta iniciou o jogo no banco e substituiu Cleiton Xavier no segundo tempo.

Capitão em 1994, ídolo César Sampaio fez elogios a Tchê Tchê e Moisés

Já o versátil Tchê Tchê foi contratado pelo Palmeiras após se destacar pelo Grêmio Osasco Audax no Paulistão. Ele chegou ao clube justamente na semana em que Moisés voltou a treinar com bola. Titular desde a primeira rodada, o jogador chamou a atenção em um primeiro momento por inverter o posicionamento com Jean durante os jogos. Por diversas vezes ele deixava de ser volante para atuar como lateral direito.

A primeira vez que Moisés e Tchê Tchê atuaram juntos como titulares foi na vitória por 4 a 3 sobre o Grêmio, no dia 2 de junho, no Pacaembu. Os atletas iniciaram 28 jogos do Brasileirão juntos. Se forem contadas as quatro vezes que Moisés entrou no decorrer das partidas, no início do campeonato, os jogadores dividiram o meio-campo em 32 ocasiões.

A parceria funcionou como a engrenagem do meio-campo palmeirense. Ao conceder entrevista no 25 de outubro, Moisés classificou Tchê Tchê como o melhor volante com quem já jogou na carreira. “E o melhor com quem eu me entrosei dentro de campo”, afirmou.

“Tivemos um entrosamento muito fácil nas duas ou três primeiras vezes que jogamos juntos. Fico feliz, porque ele me completa. Ele conduz melhor a bola, enquanto eu tenho um passe melhor”, acrescentou o meio-campista.

Tchê Tchê não deixou por menos e retribuiu os elogios do companheiro. “Ele é uma pessoa que eu peguei um carinho e uma amizade muito grande, tanto dentro quanto fora de campo”, disse o jogador, dias após a entrevista de Moisés. “Foi algo inesperado para muitos, mas estamos nos dando super bem, sempre confiamos um no outro e por isso está dando certo”.

Ao todo, Tchê Tchê disputou 37 jogos como titular e marcou dois gols no Brasileirão. Ele só não atuou na 17ª rodada, quando cumpriu suspensão na derrota por 3 a 1 diante do Botafogo. Já Moisés fez 34 partidas e anotou três gols. Ele perdeu duas partidas por conta de uma lesão muscular, cumpriu suspensão na derrota por 1 a 0 para o Santos, em 29 de outubro, e foi poupado na última rodada.

Os jogadores Tchê Tchê e Moisés (E e D) e o técnico Cuca (C), da SE Palmeiras, durante treinamento, na Academia de Futebol.
Cuca transformou a parceria entre Tchê Tchê e Moisés na engrenagem do time campeão brasileiro (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Jogadores rodaram o Brasil antes do auge no Palmeiras

Em comum entre os jogadores não consta apenas o entrosamento no meio-campo do Palmeiras. Ambos rodaram por equipes de menor expressão até viverem o auge da carreira no Palestra Itália.

Moisés Lima Magalhães, de 28 anos, foi revelado nas categorias de base do América-MG e foi emprestado a diversos clubes entre 2007 e 2012, quando a Portuguesa oficializou a sua contratação em definitivo. O jogador chegou ao Canindé como volante. Mas as características ofensivas logo chamaram a atenção do técnico Geninho, que lhe deu a oportunidade de vestir a camisa 10 e desempenhar a função de armador.

As boas atuações renderam ao jogador a chance de se transferir pela primeira vez para a Europa. Em 2014, Moisés firmou contrato com os croatas do HNK Rijeka, clube que defendeu até ser contratado pelo Palmeiras por R$ 4,3 milhões.

Tchê Tchê, de 24 anos, tem uma história semelhante à de Moisés. Danilo das Neves Pinheiro foi revelado nas categorias de base do antigo Pão de Açúcar, hoje Audax. O meio-campista disputou a Série C do Brasileiro em 2014, pelo Guaratinguetá, e ganhou a chance de defender a Ponte Preta no Paulistão do ano seguinte. Para se firmar na Macaca, Tchê Tchê abandonou o apelido de infância e passou a atender por Danilo Neves.

A estadia em Campinas foi um fracasso. E após uma breve passagem pelo Boa Esporte, o atleta retornou em baixa para disputar o Estadual pelo Audax. Sob o comando de Fernando Diniz, Danilo Neves resolveu recuperar o apelido Tchê Tchê e brilhou na campanha que rendeu o vice-campeonato ao time de Osasco. De todos os jogadores que deixaram a equipe após o Paulistão, ele foi o único que apresentou regularidade a ponto de se firmar em um grande clube.



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