A conquista do Campeonato Brasileiro 2016, confirmada na tarde deste domingo com a vitória por 1 a 0 sobre Chapecoense, é o ponto alto da gestão de Paulo Nobre como presidente do Palmeiras. O título nacional, assegurado na tarde deste domingo, coroa o segundo mandato do dirigente e ainda garante uma transição tranquila para Maurício Galiotte.
“Não tinha dúvida de que, se fizéssemos a lição de casa em 2013 e 2014, por mais amargo que fosse o remédio, porque o Palmeiras estava muito doente, os frutos viriam. Mas mentiria se falasse que esperava ganhar a Copa do Brasil em 2015 e o Brasileiro em 2016. Estou muito feliz que tenham vindo antes do que imaginava”, afirmou Nobre.
Eleito em janeiro de 2013 para suceder Arnaldo Tirone, o dirigente encontrou um panorama desanimador no começo do trabalho. O time havia sido rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro pela segunda vez em sua história e vivia situação financeira delicada.
Eliminado nas oitavas de final da Copa Libertadores 2013, o Palmeiras não teve maiores dificuldades para cumprir a obrigação de ganhar a Série B e retornar à elite do futebol brasileiro em 2014, ano do centenário de fundação do clube iniciado por imigrantes italianos.
A despeito da grande expectativa da torcida pela efeméride, a temporada foi desastrosa. O Palmeiras, incapaz de vencer o Atlético-PR dentro de casa, escapou de um terceiro rebaixamento graças a uma vitória do Santos sobre o Vitória na última rodada do Campeonato Brasileiro 2014.
Durante seu primeiro mandato, Nobre repetia que a austeridade financeira, acompanhada por contratações questionáveis, seria compensada com uma reestruturação do clube. No final de 2014, o dirigente acabou reeleito para o biênio 2015/2016.
Impulsionado pelo programa de sócio-torcedor Avanti, a menina dos olhos de Paulo Nobre, e pela reabertura do Estádio Palestra Itália, o Palmeiras se reergueu. O presidente iniciou seu segundo mandato com Alexandre Mattos como diretor de futebol e com o patrocínio da Crefisa.
Derrotado pelo Santos na final do Campeonato Paulista 2015, o time deu o troco na decisão da Copa do Brasil. Em uma partida histórica, a primeira finalíssima após a reabertura do Palestra Itália, o Palmeiras ganhou do mesmo rival nos pênaltis e finalmente retomou o caminho das grandes conquistas.
A queda precoce na Copa Libertadores 2016 freou a empolgação da torcida, retomada com a promessa de Cuca de conquistar o Campeonato Brasileiro. O título, alcançado de forma antecipada, coroa a segunda gestão de Paulo Nobre, cujo mandato termina em dezembro.
Durante seus quatro anos de gestão, Nobre colecionou atritos com a WTorre, administradora do Estádio Palestra Itália, e com a Crefisa, patrocinadora máster. O presidente ainda injetou milhões de reais no Palmeiras, valor que precisa ser devolvido.
O próximo presidente, indicado por Paulo Nobre, é Maurício Galiotte, atual primeiro vice. Respeitado pela oposição, que decidiu não lançar candidato próprio, ele tem boa relação com a Crefisa e encontrará um cenário positivo para iniciar sua gestão.
Presidente queria ser jogador – Paulo Nobre costuma dizer que presidir o Palmeiras foi o maior desafio já imposto pela vida. Na infância, porém, seu sonho era jogar pelo clube, como mostrou a reportagem “Quero sair da geral para marcar os gols do Palmeiras”, publicada pelo jornal A Gazeta Esportiva em 24 de agosto de 1981.
Chamado de Paulinho na época, o garoto de 13 anos foi o escolhido daquele dia para ilustrar a seção de reportagens na qual o jornalista Wanderley Nogueira fazia o perfil de um torcedor. Em junho de 2013, ao ler a matéria novamente a convite do portal Gazeta Esportiva, ele explicou a mudança de planos.
“Um pouco depois da entrevista, já com 14, 15 anos, percebi que não tinha categoria suficiente para ser jogador e resolvi nem tentar. Vai que consigo… O Palmeiras não merecia ter um jogador como eu”, disse, rindo, aquele que comemoraria a Copa do Brasil 2015 e o Campeonato Brasileiro 2016 como presidente.