Contra o Flamengo, a partir das 17 horas (de Brasília) deste sábado, o Palmeiras disputará uma final de Copa Libertadores no Estádio Centenário pela terceira vez na história. Algoz na decisão de 1968, o argentino Juan Ramón Verón, símbolo do Estudiantes de la Plata, lembra bem do time de Ademir da Guia e, aos 77 anos, poderá ver o ‘herdeiro’ Gabriel Veron em campo pela televisão.
Um dos cinco maiores campeões da história da Libertadores, o aguerrido Estudiantes de la Plata marcou época ao conquistar as edições de 1968, 1969 e 1970 e ainda ficou com o vice em 1971. No primeiro título, após vitória em casa e derrota no Pacaembu, o time argentino contou com gols de Ribaudo e Verón no Centenário para superar o Palmeiras na partida de desempate.
“O Palmeiras é um grande clube e tinha grandes jogadores. Foi uma final muito equilibrada, mas fizemos uma boa partida em Montevidéu e isso nos deu a possibilidade de ser campeões. Um jogo muito duro, difícil e parelho, mas acho que ganhamos bem”, disse à Gazeta Esportiva o Verón original, pai de Juan Sebastián, sobre o confronto disputado em 16 de maio de 1968.
O Verón original marcou nas três finais contra o Palmeiras (Foto: Divulgação)
A edição do dia seguinte ao jogo do jornal A Gazeta Esportiva mostra que os próprios atletas do Palmeiras reconheceram a superioridade do time argentino no Uruguai. “O meio-campo do Estudiantes esteve impecável, enquanto nós não conseguimos engrenar nesse setor. Vamos adiante, pois, afinal, eles jogaram melhor e mereceram vencer”, admitiu o ídolo Dudu.
Superada pelo Estudiantes na final da Copa Libertadores 1968, a Academia de Futebol palmeirense brilhava com títulos da Taça Brasil 1967 e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa 1967 e 1969. Questionado pela Gazeta Esportiva sobre o time que enfrentou e venceu, Juan Ramón Verón, conhecido como La Bruja, rapidamente citou o então camisa 10 adversário de forma efusiva.
“Ademir! Ademir da Guia. Era um jogador incrível, bárbaro. A verdade é que era uma boa equipe. Depois, fizemos uma excursão pela Europa e vimos o Palmeiras jogar uma série de partidas interessantes. Demonstraram que tinham um time muito bom”, recordou Verón, já que o Estudiantes de La Plata disputou a edição de 1969 do tradicional Troféu Ramón de Carranza, vencida pela equipe alviverde sobre o Real Madrid.
Com Veron às costas, Gabriel brilhou na semi (Foto: Divulgação/Cesar Greco)
Decisivo, o atacante marcou de forma consecutiva nas três finais contra o Palmeiras pela Libertadores 1968. Para completar, em pleno Old Trafford, ainda anotou o gol no empate contra o Manchester United de Bobby Charlton e George Best que garantiu o título mundial ao ríspido time de La Plata, defendido também por Carlos Bilardo e treinado por Osvaldo Zubeldía.
Quinto lugar na lista dos maiores campeões da Libertadores, o Estudiantes contou com um representante da família Verón em todos os seus quatro títulos, já que Juan Sebastián, filho de Juan Ramón, liderou o time que venceu o Cruzeiro em 2009. O sucesso do filho, com passagens por Manchester United e Inter de Milão, além da seleção Argentina, influenciou o batizado de um menino nascido em Assú-RN no ano de 2002.
Curiosamente, os pais de Gabriel Veron Fonseca de Souza incluíram o célebre sobrenome por sugestão de um vizinho, fã de Juan Sebastián. Campeão mundial sub-17 com a Seleção, o atacante de 19 anos tem multa de rescisória de 60 milhões de euros e, no final de 2019, trocou camisas com seu ídolo argentino em um contato intermediado pela TV Palmeiras. Juan Ramón, por sua vez, desconhecia o ‘herdeiro’ palmeirense.
“Não sabia (risos)”, disse o veterano argentino, sobre o Veron potiguar. “Isso é lindo. Um reconhecimento assim é bom e fico muito contente. Eu agradeço. Seria bom (vê-lo em campo na final), principalmente para ele, uma grande alegria. Como chegou a jogar em um time como o Palmeiras, seguramente está muito bem aconselhado. O que posso dizer é que futebol é trabalho, muito trabalho e, dia a dia, tratar de melhorar”, completou.
Da reportagem, por meio do Whatsapp, Juan Ramón recebeu fotos do jovem palmeirense que atua com a inscrição “G. Veron” às costas. Aos 77 anos, com passagem marcante também pelo colombiano Junior Barranquilla, o ex-atacante argentino vive em La Plata e acompanha a trajetória do filho Juan Sebastián como presidente do Estudiantes.
De volta ao Centenário para mais uma final de Libertadores, com Gabriel Veron no banco de reservas, o Palmeiras será assistido pela televisão pelo algoz de 1968. “São grandes clubes e, seguramente, vai ser muito bom ver a partida. Eu gosto do futebol bem jogado e acho que os dois finalistas têm bom futebol. Isso é ótimo, porque você pode desfrutar do espetáculo”, disse Verón, el original.
DINASTIA
Deian (d) após assinar primeiro contrato profissional (Foto: Divulgação)
Aos 21 anos, o jovem Deian Verón tenta seguir os passos do pai Juan Sebastián e do avô Juan Ramón com a camisa 11 do Estudiantes de La Plata. Formado nas categorias de base, ele já estreou pelo time profissional e atualmente integra o elenco dirigido pelo técnico Ricardo Zielinski.
“É um menino jovem. Está bem e com muita vontade. Quer jogar futebol e sabe como isso é difícil. Vamos ver como segue sua carreira”, disse Juan Ramón, sobre o neto. “Tomara que ele tenha a sorte de poder demonstrar o que é capaz de jogar”, acrescentou.
Em novembro de 2019, Juan Ramón, Juan Sebastián e Deian, todos de camisa número 11 e com o sobrenome Verón às costas, defenderam o mesmo time em um jogo comemorativo pela reinauguração do Estádio Jorge Luis Hirschi, casa do Estudiantes de La Plata.