Junto do crescimento e desenvolvimento tecnológico dos videogames, os praticantes dos jogos eletrônicos mais e mais passaram a levar a sério o que, para alguns, ainda é tido somente como brincadeira. A partir daí, competições começaram a ser organizadas, o dinheiro entrou no negócio e a popularidade decolou.
Enganam-se, entretanto, os que pensam que a “febre” é momentânea. O esporte eletrônico, na Coreia do Sul, é reconhecido como modalidade pelo governo do país desde 2000. À época, o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo criou a Associação Coreana de eSports, fundada para regulamentar o esporte. O país, aliás, foi o grande responsável pelo crescimento desenfreado da categoria: lá, os eSports têm força e apoio em proporções maiores do que muitas ligas de esportes tradicionais.
Também está enganado quem imagina que todos os gêneros dentro do esporte são iguais ou até mesmo similares. Os temas de competição profissional abrangem desde estratégia e MOBA (do inglês, arena de batalha online para vários jogadores), passando por jogos de FPS (do inglês, tiro em primeira pessoa) e chegando até as modalidades de esporte e luta.
O pontapé inicial dos eSports foi dado pelos games de estratégia. O precursor e protagonista do gênero foi Starcraft, de ficção científica, que reúne diferentes grupos em busca da dominação galáctica. O próprio sucessor do jogo, Starcraft II, organizado pela Blizzard, editora e criadora do meio, passou a dominar no cenário a partir de 2010. Outro nome a ser levado em conta quando se fala do gênero de estratégia, ainda que em menor escala (já que não tem a mesma popularidade que Starcraft), é Warcraft III, também da Blizzard.
Com o patrocínio de grandes empresas, que também fornecem suporte aos outros gêneros, os jogadores profissionais começaram a se organizar em times e estes, por sua vez, passaram a integrar campeonatos, que são os principais do meio em termos de cobertura, premiação e número de participantes.
Os MOBAs, por outro lado, têm maior apelo entre o público que acompanha o esporte em meio eletrônico. Apesar de estarem “separados” categoricamente dos games de estratégia, esse estilo de jogo envolve muito tal aspecto, já que são tipicamente voltados às ações em equipes (de número variante) em busca de um objetivo a ser conquistado. Por exemplo: em League of Legends, um dos principais nomes da modalidade, cinco jogadores, cada um com seu respectivo personagem (vale ressaltar que cada personagem possui características e poderes próprios, voltados aos diferentes tipos de estratégia), juntam-se para destruir o “cristal”, conhecido como nexus, no terreno adversário, protegido por torres.
Além do LoL, o jogo Dota 2, fornecido gratuitamente, assim como o “rival”, pela plataforma Steam, também figura entre os destaques dos MOBAs. Outros nomes, como Heroes of the Storm e Smite, tentam consolidar sua posição entre os games de ponta.
OG are The International Champions! #TI8 pic.twitter.com/IPkttq34C8
— DOTA 2 (@DOTA2) 26 de agosto de 2018
Os campeonatos de LoL e Dota permanecem entre os mais vistos em redes sociais de streaming online e contam igualmente com premiações generosas. No caso do League of Legends, a empresa que criou e administra o jogo, Riot Games, também comanda o cenário profissional do esporte digital, segmentando a organização dos campeonatos em 14 diferentes regiões ao redor do mundo. São elas: América do Norte, Europa, Coreia, China, Taiwan/Hong Kong/Macau, Brasil, América Latina do Sul e do Norte, Japão, Turquia, Rússia, Oceania, sudeste da Ásia e Vietnã.
Dividido em dois splits por temporada, o desempenho nas classificações regionais é o que permite que os times possam competir no principal torneio da modalidade: o Mundial de final do ano. Até então, sete edições da competição foram disputadas, com os vencedores sendo, respectivamente, Fnatic (Europa), Taipei Assassins (Taiwan), SKTT1 (Coreia do Sul), Samsung Galaxy White (Coreia do Sul), SKTT1 (Coreia do Sul), SKTT1 (Coreia do Sul) e Samsung Galaxy (Coreia do Sul). O Brasil participou de quatro Mundiais (2014, 2015, 2016 e 2017), sem nunca ter se classificado para a fase final da disputa.
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O gênero de FPS é o que conta com o maior número de títulos e que mais resgata a memória afetiva das pessoas. Jogos de tradição, que já eram febre antes mesmo dos grandes campeonatos começarem, como Doom, Call of Duty, Counter Strike, Halo e Battlefield juntam-se aos de nova geração, como Overwatch, Team Fortress 2 e Rainbow Six Siege para formar a modalidade.
No cenário profissional, entretanto, uma nova versão do CS, denominada Global Offensive, junto do Overwatch, predomina entre os games de tiro, com suas competições e premiações. O CS:GO prendeu a atenção até mesmo de Neymar, que já comemorou gols com movimentos referentes ao jogo.
Quanto aos jogos de esporte e luta, os que mais destacam são os de futebol, com o Fifa, e Injustice 2 e Street Fighter no gênero do combate. Comparado aos outros gêneros, os campeonatos dessas modalidades não têm a mesma estrutura ou formato (a Evolution Championship Series, de luta, por exemplo, é composta de vários torneios separados), mas ainda assim contam com grandes nomes entre os praticantes.
Entre tais nomes, está o de Wendell Lira, ex-jogador de futebol profissional e vencedor do Prêmio Puskas, dado ao autor do gol mais bonito no ano de 2015. O goiano percebeu que mandava bem também com o controle de videogame na mão, chegando a inclusive participar de torneios profissionais do jogo Fifa.
A Gazeta Esportiva conta com um blog destinado aos eSports, escrito por Vinicius Zanoni, que faz a cobertura completa do cenário profissional das várias modalidades e gêneros do esporte digital. Não deixe de conferir aqui.