Vaquinha para ir à Copa, salários baixos e falta de bônus: os perrengues enfrentados pelos times femininos
Não há dúvidas de que esta será a maior edição da Copa do Mundo Feminina – literalmente. Pela primeira vez, a competição terá 32 equipes participando do torneio na Austrália e Nova Zelândia, mas, infelizmente, nem tudo são flores.
Parece inacreditável, mas ainda há seleções que não têm condições financeiras de arcar com os custos do torneio e as jogadoras precisam brigar por bônus, reconhecimento e salários mais parecidos com os dos jogadores.
A seguir, veja os principais desafios enfrentados pelas equipes que participam da Copa do Mundo Feminina 2023, que marca a estreia de oito seleções no torneio.
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1. Vaquinha da Jamaica para bancar custos
As principais jogadoras da Jamaica, incluindo a estrela Khadija “Bunny” Shaw, enviaram uma carta aberta à Federação Jamaicana de Futebol expressando sua decepção com o nível de apoio ao time.
A seleção, que disputa sua segunda Copa do Mundo, precisou fazer uma vaquinha online para arcar com despesas de planejamento, transporte, acomodações, condições de treinamento, compensação, comunicação, nutrição e acessibilidade.
Duas campanhas de arrecadação de fundos foram abertas, com o objetivo de conseguir US$ 175 mil.
Segundo as jogadoras, uma “extrema desorganização” fez com que elas perdessem amistosos.
2. Protesto da África do Sul contra baixos salários
As jogadoras sul-africanas se recusaram a disputar sua mais recente partida devido aos baixos salários pagos pela federação.
A “greve” das jogadoras forçou a entidade a reunir outras atletas, incluindo uma garota de 13 anos, para disputarem a partida amistosa contra Botsuana.
3. Reclamação do time inglês sobre ausência de bônus
Engana-se quem pensa que apenas times africanos sofrem com a ausência de recursos. Recentemente, a seleção inglesa de futebol feminino reclamou sobre o encerramento das conversas sobre bônus relacionado ao desempenho do time.
A princípio, as atletas receberiam um aumento em seus salários de acordo com seu desempenho na Copa do Mundo Feminina, mas as conversas esfriaram.
O time dos Estados Unidos, por exemplo, recebe um bônus somado ao valor pago pela FIFA caso ganhem o torneio.
4. Ameaça de greve no Canadá
As jogadoras do Canadá ameaçaram entrar em greve em fevereiro, devido a questões de igualdade salarial e cortes orçamentários.
Em reunião com o secretário-geral interino do Canada Soccer, Jason de Vos, elas disseram que a federação passava por “dificuldades reais”, tendo que considerar a possibilidade de falência.
5. Censura às jogadoras da Espanha
Em 2022, 15 jogadoras da seleção espanhola se declararam indisponíveis para a seleção devido ao impacto do ambiente da equipe em sua saúde e estado emocional.
Para a Copa, 12 das 15 atletas foram afastadas do time, incluindo as estrelas do Barcelona Mapi León, Patri Guijarro e Sandra Paños.
Como funciona o pagamento da FIFA às jogadoras
Na Copa do Mundo Feminina 2023, pela primeira vez, as jogadoras serão recompensadas por seus esforços com o pagamento da taxa de participação feita diretamente pela FIFA.
Quem se classificar para a fase de grupos receberá US$ 30,000 (cerca de R$ 143.000) e as jogadoras que chegarem à final receberão US$ 270,000 (R$ 1.294.000) cada.
Quando tem início a Copa do Mundo Feminina 2023
Disputada pela primeira vez em dois países, Austrália e Nova Zelândia, a Copa Feminina de 2023 tem início em 20 de julho, com a decisão marcada para 20 de agosto, em Sydney.
O Brasil está no Grupo F e estreia dia 24 de julho, contra o Panamá, em Adelaide. O segundo jogo, dia 28, será contra a França, em Melbourne, e o terceiro, dia 2 de agosto, contra a Jamaica, em Brisbane.