Pressionado, António Oliveira não fala a mesma língua que Augusto Melo no Corinthians
Por Tiago Salazar e Iúri Medeiros
São Paulo, SP"Ajustem as expectativas. Não vai chegar aqui o Neymar, Marquinhos, Paquetá. Se calhar, não teremos o que me prometeram e a janela vai ser completamente diferente. É ver as oportunidades que o mercado dá para termos uma equipe mais competitiva", disse António em entrevista coletiva na última quarta-feira, após o empate com o Cuiabá.
Como a Gazeta Esportiva já relatou, existe um pessimismo no CT Joaquim Grava quanto à chegada de reforços, apesar das promessas feitas por Augusto Melo. Após o empate em 1 a 1 com o Cuiabá na Neo Química Arena, António externou esse sentimento.
O Corinthians encaminhou a contratação do goleiro Hugo Souza, mas viu Lucas Evangelista completar sete jogos pelo Red Bull Bragantino no Brasileiro e o Cruzeiro vencer a concorrência por Walace. A diretoria monitora jogadores para praticamente todos os setores.
Durante a campanha presidencial e nos primeiros dias após a posse, Augusto e seus pares sempre adotaram tom otimista e prometeram um time completamente diferente em relação ao de 2023, quando o Timão brigou para não ser rebaixado. Rubão, ex-diretor de futebol, ficou marcado pela expressão "acabou a farra", se referindo ao domínio recente de Palmeiras e Flamengo.
As promessas já haviam incomodado Mano Menezes, primeiro técnico da gestão atual. O treinador entendia que as declarações não condiziam com a realidade do clube, que perdeu cinco dos seis primeiros jogos do Campeonato Paulista.
Na primeira janela de transferências do ano, o Corinthians acertou a chegada de 11 jogadores, comprometendo cerca de R$ 130 milhões do orçamento. Apesar do alto investimento, o desempenho do time segue aquém e a equipe se encontra no Z4 do Brasileirão.
Mesmo com as dificuldades financeiras e administrativas encontradas, Augusto segue fazendo promessas para o torcedor. Na última sexta-feira, em contato com integrantes da Gaviões da Fiel, o presidente não só prometeu quatro reforços de qualidade, como disse que o CEO "está contratado". A Gazeta Esportiva apurou que Fred Luz não assinou contrato e ainda não chegou a um acordo com o clube.
Já António trabalha de forma cautelosa e evita projetar grandes contratações, mesmo sabendo das lacunas evidentes do elenco alvinegro.
Além das deficiências naturais do plantel, António e seus pares lamentam as baixas ao longo da temporada. Desde que o treinador assumiu o Timão, ele perdeu sete jogadores, contando com Maycon, que machucou gravemente o joelho.
A comissão técnica entende que, no mundo ideal, a janela de transferências de julho seria um divisor de águas na temporada do Timão.
E o futuro de António?
A Gazeta Esportiva apurou que a diretoria do Corinthians já observa nomes no mercado para agir rápido em caso de queda de António. O clássico de segunda-feira contra o Palmeiras terá peso fundamental na decisão da direção alvinegra.
António está pressionado e desagrada algumas pessoas ligadas ao futebol do clube, mas tem o respaldo do executivo Fabinho Soldado, que vem ganhando cada vez mais autonomia no departamento. A dupla conversa constantemente e está alinhada.
O empate decepcionante contra o Cuiabá fez António perder ainda mais força nos bastidores, mas a diretoria não gosta da ideia de ter um treinador interino no clássico contra o Palmeiras, como aconteceu com Danilo em 2023.